Após live do hospital, STF avaliou que o ex-presidente poderia ser intimado na ação em que é réu por tentativa de golpe
O advogado de Jair Bolsonaro (PL) Paulo Cunha Bueno criticou nesta 4ª feira (23.abr.2025) o envio de oficial de Justiça ao hospital DF Star para notificar o ex-presidente sobre a abertura de ação penal no caso da tentativa de golpe de Estado.
“Qual a real necessidade e urgência concreta de se tomar tal providência invasiva, vez que o presidente Bolsonaro jamais se esquivou de qualquer chamado ao longo da investigação, havendo, ainda, prognóstico de que em poucos dias terá alta hospitalar?”, escreveu Paulo Cunha Bueno em seu perfil no X (ex-Twitter).
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Segundo o advogado, ações como essa prejudicam a credibilidade da ação que, dadas as características singulares, “será sempre testada e questionada em relação à observância do devido processo legal”.
A decisão se deu depois que a Corte avaliou que a participação de Bolsonaro em uma live na noite de 3ª feira (22.abr) “demonstrou possibilidade de ser citado e intimado” pela Justiça.
Bolsonaro está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) depois de passar por uma cirurgia no abdome em 13 de abril. Ele está em uma ala restrita do hospital, com visitas limitadas a familiares.
O documento tem como objetivo notificar Bolsonaro sobre a abertura de ação penal determinada pela 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), que tornou o ex-presidente e outras 7 pessoas réus por tentativa de golpe de Estado. A ação foi aberta em 11 de abril.
Às 12h47, o STF confirmou a intimação do ex-presidente. A determinação faz parte do trâmite processual de uma ação criminal e se chama “citação”. Agora que Bolsonaro foi citado, terá 5 dias para apresentar a defesa prévia, que é uma resposta à acusação.
Nessa defesa preliminar, os advogados devem alegar o que interessa à defesa, rebater pontos da denúncia, especificar as provas que podem ser levantadas e indicar as testemunhas. Cada réu pode indicar até 8 testemunhas para cada um dos 5 crimes pelos quais se tornaram réus, somando até 40 pessoas.
Na sua defesa ao inquérito que apura um golpe, Bolsonaro indicou 13 testemunhas, que incluíam os ex-comandantes das Forças Armadas, Freire Gomes (Exército) e Baptista Junior (Aeronáutica).
SAÚDE DE BOLSONARO
O ex-presidente continua internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) após passar por uma laparotomia exploradora para desobstruir o intestino e reconstruir a parede abdominal. O procedimento foi realizado em 11 de abril e segue sem previsão de alta.
Segundo o último boletim médico, Bolsonaro apresentou sinais de retomada nas atividades intestinais, mas segue com nutrição parenteral exclusiva, ou seja, não pode comer alimentos e os nutrientes são fornecidos pela veia.
Segue fazendo sessões de fisioterapia motora e respiratória. A cirurgia foi a 7ª realizada desde que foi alvo de uma facada durante a campanha de 2018.