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Lula dá aval para presidente da Telebras assumir Comunicações e se fia em Alcolumbre para manter governabilidade

Após o constrangimento de ter um convite recusado para o Ministério das Comunicações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou nova indicação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), desta vez com perfil técnico, e confirmou ontem o presidente da Telebras, Frederico de Siqueira Filho, para comandar a pasta. Com a base fragilizada e enfrentando resistência da bancada do União Brasil na Câmara, a aposta do governo é estreitar as relações com o presidente do Senado para evitar uma crise de governabilidade.

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No Palácio do Planalto, Alcolumbre e Siqueira Filho conversaram nesta quarta-feira com Lula sobre os trabalhos da pasta. Eles foram acompanhados pelo ex-ministro Juscelino Filho, exonerado após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por desvio de emendas parlamentares, e pelo líder do União na Câmara, Pedro Lucas (MA), que recusou o posto na véspera.

O aval de Lula foi confirmado pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, além de auxiliares no Planalto. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que esteve na sede do governo durante a tarde para receber o texto da PEC da Segurança Pública, também foi informado sobre a escolha.

Na conversa sobre o ministério, foram citados três nomes a Lula. Frederico, porém, foi aceito após ser apontado como o principal técnico para a vaga.

O governo optou por um anúncio oficial apenas após uma nova conversa com parlamentares do União. Aliados do presidente acreditam que, depois disso, o comunicado oficial pode ser feito ainda nesta quinta-feira, antes do embarque de Lula para Roma, onde participará do funeral do Papa Francisco.

Em conversa por telefone na noite de anteontem, Alcolumbre e Lula já haviam acertado que o presidente do Senado apresentaria a indicação de um nome de fora do Congresso, com perfil técnico.

O presidente da Telebras foi sugerido a Alcolumbre pelo líder do União no Senado, Efraim Filho (PB). Com a escolha, o posto deixa de ficar sob a influência da bancada da Câmara, que ficou desgastada com o governo após a recusa de Pedro Lucas.

— A indicação final é do Alcolumbre, ele quem está apresentando ao Lula. Mas, sim, o conheço e é um sujeito que pegou uma Telebras natimorta e entrega superavitária, é um nome não filiado ao União Brasil e de perfil técnico, dono de expertise em conectividade e com uma boa visão da iniciativa privada — disse Efraim.

Frederico Siqueira Filho: indicado por Alcolumbre para Ministério das Comunicações — Foto: Reprodução

Deputados do União Brasil, que cada vez mais demonstram animosidade em relação ao governo, se irritaram com a primeira amarração feita pelo presidente do Senado, cujo objetivo era indicar Pedro Lucas ao ministério. Eles avaliaram a postura como uma “intromissão” e um “desrespeito com a autonomia da bancada”.

Eles reconhecem que Alcolumbre tem poder relevante como presidente do Congresso, mas que sua influência entre os deputados é limitada. Para parte da bancada do União da Câmara, mais uma indicação do presidente do Senado na Esplanada não mudará o quadro de votos do governo na Câmara.

— O Pedro Lucas com essa atitude (de recusar o ministério) consolidou o papel dele como líder. Tem o respeito dos colegas. Não tinha nenhuma decisão de bancada em relação à indicação dele. O partido sai fortalecido. O partido sempre foi tratado em segundo plano, o Rueda tentou falar três vezes com o Lula e o Lula não o recebeu. O Davi é uma liderança importante, virou um interlocutor do governo, mas uma coisa é o Senado, outra é a Câmara. A Câmara tem uma bancada — afirma Danilo Forte (União-CE).

A decisão de Pedro Lucas em recusar o cargo deixou Lula irritado, segundo integrantes do governo. Na terça-feira, chegou a ser cogitado diminuir o espaço do União na Esplanada. Mas, em seguida, prevaleceu a avaliação de que a conjuntura requer um aprofundamento dos laços com o presidente do Senado.

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Na visão de auxiliares do presidente, a escolha reforça o diagnóstico de que o aliado do governo no União Brasil é Alcolumbre. O partido tem divisões internas. Uma ala defende um afastamento do Planalto de olho nas eleições de 2026. Fazem parte desse grupo o presidente da legenda, Antonio Rueda, e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto.

Na montagem do governo, Alcolumbre já havia indicado Waldez Góes, que é filiado ao PDT, para o Ministério da Integração Nacional. Os dois são aliados no Amapá. O União também comanda o Ministério do Turismo com Celso Sabino. Essa pasta é cobiçada pela bancada da Câmara do PSD.

Em meio às trocas no primeiro escalão do governo, deputados do União e a cúpula nacional do partido também viram no episódio um indicativo de esgotamento do modelo de troca de apoio por cargos.

Eles alegam que falta ao governo entender que essa dinâmica não é mais crucial para governabilidade, e sim uma organização na entrega e pagamento de emendas. Mesmo que a maior parte das verbas parlamentares sejam impositivas, cabe ao governo definir quando elas são pagas ao longo do ano.

Parlamentares afirmam que o partido está caminhando para adotar uma postura cada vez mais distante do Poder Executivo. De acordo com eles, a tendência é que a sigla esteja com a oposição em 2026, seja lançando candidatura própria, seja apoiando um nome de outra legenda do mesmo campo.

Para o deputado Pauderney Avelino (AM), o episódio envolvendo o ministério expõe não só fragilidade do governo, mas também do partido.

— Avaliação é que o partido e o governo estão desorientados — diz.

O União Brasil nasceu da fusão entre DEM e PSL e sempre conviveu com disputas de poder por grupos distintos. Uma ala de deputados tem reclamado de intervenções da direção nacional em alguns estados e avalia pedir desfiliação no ano que vem, durante a janela partidária.

Da ala de oposição, o deputado Alfredo Gaspar (AL) diz que o governo está em “fim de festa”:

— Temos parlamentares com posições bem definidas. O efeito imediato será o fortalecimento da liderança partidária(na Câmara). No tocante ao governo, é clima de fim de festa, sem rumo, sem prumo.

Como mostrou O GLOBO, partidos de centro que indicaram ministros reduziram o apoio ao Planalto nas votações na Câmara entre o primeiro e o segundo ano do mandato de Lula. No caso do União, o índice passou de 71% para 67%.

Desde que assumiu, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, vem buscando aproximação com deputados. Ontem à noite, Lula se encontrou com lideranças da Câmara e Motta.

Áreas de influência e interesse do presidente do Senado

Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional: O ministro Waldez Goés, ex-governador do Amapá, foi indicado ao cargo na cota do União Brasil, mesmo sendo filiado ao PDT, por indicação pessoal do atual presidente do Senado.

Agências reguladoras: Alcolumbre tenta emplacar indicações para agências de setores de infraestrutura, como as de Petróleo e Gás (ANP), Aviação Civil (Anac) e Energia Elétrica (Aneel), que hoje têm diretorias interinas. As escolhas esbarram, porém, no ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que tem influência sobre a área.

Sebrae-AP: O irmão do senador, Josiel Alcolumbre, é o presidente do Sebrae no Amapá desde 2022. Embora o cargo seja definido por eleição, as influências dos governos federal e estadual pesam na escolha. O governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade), é aliado de Davi Alcolumbre.

Sudam: Aharon Alcolumbre, primo do parlamentar, foi nomeado diretor na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia em agosto de 2023. A Sudam está no guarda-chuva da pasta de Waldez.

Codevasf: A superintendência do Amapá foi mantida no governo Lula sob comando de Rogério Maia Cardoso, aliado de Alcolumbre.

Divisão da Ebserh: Max Alcolumbre Pinto, também primo do presidente do Senado, chefia a divisão amapaense da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ao GLOBO, Max negou qualquer ingerência de Alcolumbre na sua nomeação, além de ressaltar que é médico e concursado.

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